O caminho inexorável da vida

2010 dC.
Os anos ciclicamente se sucedem, como um nautilos, não podemos medir a influência que o tempo exerce realmente sobre nós. Preocupados, despreocupados, com a cabeça entre as mãos ou com a cabeça sobre as mãos. Todos, todos caminhamos, assim como peças, associados a mais e mais peças, compondo o cosmos. E voamos, plenos de sonhos, birrentos por querer o que não conseguimos, certos das nossas verdades, porque envoltos no nosso mundo pequenino, por vezes esse mundo intercepta outro, e outro e mais outro, igualmente pequenino, como atmos, que vão enchendo, enchendo, mas que não se conseguem ver à vista desarmada. Por isso, por vezes nos sentimos sós, é que não se conseguem ver à vista desarmada, mas... a elipse da vida segue, segue sempre, como a água do rio.
Entremos os que cá estamos no nosso 2010 dC. e continuemos pois. Até ao próximo.

o Bizarro na época

É fantástico.
Nas minhas buscas por trabalhos do período barroco, descobri esta gravura por um acaso, e confesso que quando a vi achei seria impossível ser dessa época (1624) concretamente. Sei que este é um comentário de alguém pouco conhecedor, aceito a critica, mas mesmo assim não deixo de aqui expor a minha admiração por achar tão "futurista"

Giovanni Battista Braccelli, nasceu em Itália por volta de 1600, dedicou-se à pintura e à gravura.
Em plena época Barroca, deixou-nos um livro com inúmeras gravuras a que deu o nome "Bizzarie di varie figure" exactamente dedicado à figura humana sob a forma geométrica, de onde esta se destaca.
Rectângulos, quadrados, círculos, triângulos, tomam o lugar de músculos, ossos, etc., definindo o corpo num novo visual. Os seus desenhos são considerados únicos na história da ilustração, representando também o ponto mais alto do estilo "Maneirista" em gravura, que brilhou no século XVII.
O "Maneirismo" incorporava técnicas do "Renascimento", mas rejeitava aquela imagem clássica do tipicamente harmonioso, tão característico dos séculos XV e XVI, na arte europeia.
Pode dizer-se que Braccelli foi também um inovador e influenciou artistas das gerações seguintes. Vejamos os "Surealistas" já no século XX, que pegaram nas suas formas geométricas e na sua habilidade para criar graciosas imagens mecânicas de humanos.
É curioso como muitas destas gravuras de aspecto tão mecânico, conseguem transmitir emoções humanas, nos dão a sensação que estão a dançar, por exemplo no caso desta.

O meu AhConvicto para Braccelli e também para Lessing J. Rosenwald, americano coleccionador de livros raros, que coleccionou mais este e que nos deixou para apreciarmos na Library of Congress em Washington.

O Natal está a chegar, sempre esta sensação de "já visto e já sentido" mas sempre comentado... e já estamos no Natal.

Pois eu, finalmente saio da toca, depois de quase quatro meses coxo a tentar consolidar um osso teimoso, que além de se ter partido da forma mais estupida (e haverá maneira esperta de se partir ossos??), casmurro, não queria consolidar.

Mas já vou sair e retomar o trabalho Até pareço outro, apetece-me ouvir musica, abraçar toda a gente, mesmo os mais distantes.

Deixo aqui este "postalinho" de Giotto di Bondone (1267-1337), que se encontra na Capela de Scrovegni em Padova e que eu gosto.
Vem um bocadinho adiantado, pois trata da adoração dos Reis Magos, ainda nem o menino nasceu.