... como o tempo passou...
não, não desisti, nem quero desistir.
por vezes a poeira, quando há vento, levanta
forma uma nuvem que quase não nos deixa ver para além.
mas isto não é constante, e por isso passa.
é preciso limpar por onde assentou, há onde menos se pensa e
depois embaraça a engrenagem.
pois,
mas não deixei de amar, de dedicar amor, de me estender todos os braços possíveis
de trespassar distancias, para lá dessa nuvem, acima desse pó...
num sopro, forte, convicto,
ah
Igual aos teus olhos me parece
quem a teu lado vai sentar-se,
quem saboreia a tua voz
mais as delícias desse riso
que me derrete o coração
e o faz bater sobre os meus lábios.
Assim que vejo esse teu rosto,
quebra-se logo a minha voz,
seca-me a língua entre os dentes
corre-me um fogo sob a pele,
ficam-me surdos os ouvidos
e os olhos cegos de repente.
Torna-se liquido o meu corpo:
transpiro e tremo ao mesmo tempo.
Vejo-me verde: mais que a erva.
Só por acaso é que não morro.
Safo, que viveu na ilha grega de Lesbos há mais de 2500 anos.
... só por acaso é que não morro, de tanto gostar deste poema intemporal.